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A geração que foi enganada

Acredito que se você tem 20 e muitos anos, você sinta algo muito parecido. Crescemos com inúmeras promessas para o futuro. Mas fomos enganados. E reconhecer isso é um grande passo para vivermos mais tranquilos. Na minha humilde opinião, o ponto de partida é entender que nos preparamos para um mundo que não existe mais e agora não estamos sabendo lidar com o que se apresenta. Crescemos ouvindo os adultos dizerem que deveríamos estudar para ser alguém na vida. Crescemos, estudamos, nos tornamos mestre e doutores, e ainda carregamos o vazio de não reconhecermos nossa própria identidade. Fomos enganados. Ouvimos, por todos os lados, que quem estuda consegue um excelente emprego. Igualmente, por todos os lados, vemos pessoas competentes sem uma única oportunidade e até mesmo trabalhando em locais dos quais são gostam para terem o mínimo de independência. Por isso, fomos enganados. Também disseram que um dia o amor chegaria e ele seria como sempre sonhamos. Com base nisso, construímos uma realidade paralela, onde não precisamos nos esforçar e dedicar tempo ao outro porque ele, em tese, tem obrigação de suprir todas as nossas expectativas. Sonhamos com a vida resolvida aos 25 anos, com a casa dos sonhos, o carro do ano, a aprovação no concurso, viagens e mais viagens e, no final das contas, tentamos ter o mínimo de independência dentro da casa de nossos pais. Por causa disso, fomos enganados. Existe uma discrepância muito grande entre o ideal que construímos e a vida que temos. Essa distância entre expectativa e realidade nos consome dia após dia, mesmo que nem percebamos. Todos os dias, uma parte da nossa esperança e expectativa para o futuro morre, porque nos mantemos presos ao que já foi. Buscamos o ponto de inflexão onde erramos e nos flagelamos todas as vezes que pensamos que poderíamos ter feito diferente. Apesar de tudo, entender que o pote de ouro não existe no fim do arco-íris é libertador. A partir do momento que, com base no que vivemos e temos em mãos, redesenhamos os nossos sonhos, tudo fica mais leve. É difícil desprendermo-nos do script que escrevemos há 15 anos para o que imaginávamos que seria nossa vida. Todavia, entender que o próprio protagonista já não é mais o mesmo é um grande começo para realinhar o enredo. Desprendermo-nos da armadura da sonhada vida perfeita é um dos grandes desafios desses adultos que estão saindo da casa dos 20 e entendendo que as coisas mudaram. Que não estamos mais nos anos 2000. Que os boletos agora tem o nosso nome. Que nada muda se não agirmos. Que lamentar não trará mudanças. Porque apesar de termos sido enganados pelos nossos pais, professores, familiares e até por nós mesmos, nunca fomos enganados pela vida, porque ela nunca nos prometeu nada. Ela se apresenta como esse palco, onde podemos sorrir, chorar, cair, amar. Esse palco de inúmeras possibilidades, inúmeros personagens, inúmeras combinações de cores e sabores. E amores. Que nós, no auge dos nossos 20 e muitos anos, possamos olhar nossa história com amor, resiliência e compaixão. E compreender que fizemos o melhor que podíamos com o que tínhamos. Que você não perca a esperança de se sentir pleno.


Com carinho,

Geilza.

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