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A vida requer nova perspectiva

Atualizado: 9 de jan. de 2023

Hoje, fui ao oftalmologista para averiguar uma alteração inflamatória no meu olho e, pelo fato de já estar lá, fiz o exame para verificar se meus óculos já precisavam ser trocados. Para quem não sabe, sou portadora de um grau alto de miopia. Como fui para fazer o exame, não pude ir com as lentes de contato e acabei indo e voltando de óculos. É muito raro eu sair sem as lentes, normalmente só uso os óculos em casa e nesses casos excepcionais. E assim, hoje - como estava de carona na motocicleta e não ficaria confortável voltar com os óculos e com o capacete - voltei para casa sem enxergar praticamente nada, pois já era noite e minhas pupilas estavam bem dilatadas. Para quem não é míope, vou explicar mais ou menos minha visão: é como se você pegasse uma imagem e apagasse com borracha, mal apagado, e ficasse tudo borrado. À noite, a baixa iluminação potencializa isso. Uma pessoa míope enxerga as luzes maiores do que elas são. Quanto maior o grau necessário, maiores elas ficam. Para mim, as luzes dos postes, dos carros e algumas de Natal (ainda presentes) aparecem gigantes, como se fossem pontos de fogos de artifícios quando explodem. Luzes vermelhas e verdes dos carros e semáforos, amarelas da iluminação de natal, brancas dos postes. Voltar pra casa hoje parecia um verdadeiro show pirotécnico. E, pela primeira vez desde os meus longos 12 anos de diagnóstico de miopia, eu achei aquilo bonito. No meio daquela visão borrada, com aquelas luzes flutuantes gigantes, eu enxerguei a beleza no caos. Obviamente, eu gostaria de ter a visão perfeita. Mas, sei lá, por um momento eu gostei da experiência porque a imagem era simplesmente incrível. E uma visão perfeita não me traria aquela emoção. Diante daquilo, pensei: a vida requer de mim uma nova perspectiva! Eu não mudo minha condição ocular (exceto por procedimento cirúrgico, o que não é o caso agora), mas eu posso enxergar isso de outra forma. E tantas coisas na vida são assim. Tantas vezes eu reclamei pelo custo financeiro alto de uma lente de alto índice refrativo, mas não agradeci por ter o dinheiro pra pagar. Tantas vezes eu reclamei por usar óculos, mas nunca sequer agradeci por nascer em uma época com tecnologia suficiente para me dar conforto visual. Não romantizemos as doenças, mas há sempre outra perspectiva. E não é uma gratidão meramente externa como tem sido frequentemente estimulada nas redes sociais, mas um sentimento genuíno de enxergar as coisas de um modo diferente. Algumas coisas não estão sob nosso controle (eu diria, a grande maioria delas), mas o sentido que damos a elas é inteiramente nosso. E diante dessa cena cotidiana, simples, quase imperceptível, a vida – maravilhosamente bela – me mostrou que talvez a gente só precise mudar a perspectiva. Coisas boas acontecem o tempo todo, todos os dias. Todos os dias a vida nos convida a sentir e nós fugimos disso por negarmos a vulnerabilidade da condição humana. Que você, mesmo sem minha visão borrada, também se sinta convidado a ver a vida em outra perspectiva. O nó que possa estar dificultando as coisas nesse momento talvez possa ser desfeito com um giro diferente. Porque, talvez, a sua miopia possa não ser física, mas ela possa estar fazendo você perder o prazer que é desfrutar dessa existência por inteiro.


Pensa nisso!


Com carinho,

Professora Geilza.

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