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Uma década

Dez anos de sala de aula. Nessa mesma data, há 10 anos, eu entrava pela primeira vez em uma sala de aula, com quase 50 alunos. Aos 18 anos, começando o terceiro período de curso, sem ter cumprido um estágio sequer e tendo cursado apenas filosofia e sociologia da educação. Entrei como voluntária no Pré-Vestibular Solidário da UFCG, onde permaneci como professora e, posteriormente, coordenadora até 2015.

Minha primeira aula foi sobre organelas citoplasmáticas e foi terrivelmente caótica (olhando de hoje obviamente), mas eu estava determinada a enfrentar uma sala de aula. Lembro da felicidade de chegar em casa e contar aos meus pais que eu era professora, de fato e de direito. Com o passar o tempo eu já não precisava mais da carga horária (as 200h extracurriculares exigidas pela Universidade). Mesmo assim, permanecia no cursinho porque o voluntariado sempre me chamou de uma maneira muito forte. Porque eu via que minhas aulas ajudavam muita gente que não podia pagar cursinho particular. Porque eu queria que eles tivessem acesso ao que eu desfrutava. Porque me atrai essa coisa de se doar a algo. E como foi maravilhoso iniciar com o voluntariado. Eu saía todas as quintas à noite, quase 22h da UFCG e voltava pra casa de ônibus. Mas, vinha com o sentimento de missão cumprida, de paz interior e felicidade por contribuir.

Depois do cursinho, vieram a extensão nas escolas, os estágios obrigatórios, a monitoria. Depois as aulas de Pós-graduação Lato sensu e participação em disciplinas de Pós-graduação Stricto sensu, palestras e minicursos em congressos, os eventos. Depois aulas no ensino técnico e superior, na Universidade Estadual da Paraíba. E, por fim, a aprovação em concurso público através da qual estou tendo a experiência na educação básica.

Hoje, além da atuar na educação básica, recebo convites para consultorias, aulas particulares, organização de eventos, comissão científica, dentre outros.

Mas nem tudo foram flores. Já ouvi muitas coisas que me feriram profundamente, já pensei em desistir, já pensei em fazer outra coisa. Já me decepcionei com injustiças de profissionais que eu admirava. A vida profissional é uma selva e mostrar os talentos tem um preço caro a se pagar. Todavia, o que me mantém nesses 10 anos na Educação são as transformações que só a docência me proporciona. As risadas, as histórias, as dores, as perdas. Os agradecimentos, o sentimento de contribuir na vida de alguém, essas coisas que não são pagas em espécie. Hoje, graças a minha profissão e, sobretudo, à experiência no setor público, eu sou um ser humano bem melhor do que eu poderia ser se tivesse trilhado outro caminho. A capacidade de se colocar no lugar do outro, a diminuição do egoísmo e do egocentrismo, a pró-atividade, a resiliência. São tantas coisas! Os caminhos não foram os que eu pensei que seriam, mas sair do meu script, apesar de doloroso, está revolucionando a minha vida, trocando de lugar muitas certezas e dogmas que eu nem sabia que tinha.

E assim, vivendo um dia de aula por vez, sigo tentando ofertar o melhor que posso e colher os frutos daquilo que planto. Dar aula é, todos os dias, iniciar em algo sem saber o que te espera, logo eu, a rainha do planejamento. A Educação tem me ensinado a ser mais flexível, esperançosa e solidária. E também me ensina que é sempre melhor ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Hoje, se eu pudesse dar um conselho àquela Geilza de 18 anos e a você que está começando agora, eu diria: "Não pare, você vai longe!"


Com afeto e orgulho por não ter desistido,

Professora Geilza.

1 commento


fsilva7299
09 feb 2023

Parabéns professora Geilza, que história linda!!!


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