top of page

Você é maior que a sua profissão

Nesse momento, não sei muito bem como iniciar esse texto depois do turbilhão de emoções que vivenciei nas três últimas semanas. Mas dizem que, quando estamos no olho do furacão, temos mais clareza para avaliar as coisas. Faltando pouco mais de 15 dias para o final do ano, posso afirmar que o ano de 2021, diferente do ano de 2020, foi extremamente desconfortável para mim, em todas as áreas. Principalmente na área profissional. E expor isso aqui é um grande passo para uma pessoa que ainda carrega uma overdose de perfeccionismo e a síndrome da mulher-maravilha (criada por mim). Se eu olhar minha área profissional em 2021, outra versão minha diria que eu fracassei em praticamente tudo que fiz. Os esgotamentos físico e mental de dar conta de dois empregos, que me consumiram mentalmente e intelectualmente, chegaram. Somado a isso, fiz duas seleções de doutorado que não deram certo. A primeira nem foi homologada por eu esquecer de anexar um documento, esquecimento ocasionado já por outro problema pessoal que eu vivia na época. Na segunda seleção, saí em uma das etapas eliminatórias, com a menor nota do projeto. Além disso, para coroar, usei meu mês de julho (o qual eu amo de paixão) para prestar seleção de professor substituto novamente e fui eliminada na prova didática com nota 4. Sim. Para quem ama o que faz e se dedica praticamente 24h por dia a isso, foi uma lapada da vida extremamente pesada. Mas que, depois, com clareza, enxerguei o que Deus (ou o Universo, ou as inúmeras possibilidades, ou como você queira chamar) quis me mostrar. Falar sobre isso, conhecendo Geilza tão bem como eu conheço, acreditem: é difícil, mas É LIBERTADOR! Tenho muita dificuldade em mensurar sucesso fora do campo profissional. Sempre passei em tudo o que fiz, nos primeiros lugares em sua grande maioria. Mas isso sempre me colocou numa redoma de vidro extremamente cruel. Eu sempre fui a primeira em praticamente tudo e isso é pesado. Muitas vezes, vocês veem uma Geilza totalmente distorcida da realidade. E acho que esse texto expressará um pouco do que eu vivo/sinto. Nesse ano, também passei por inúmeras situações envolvendo questões de saúde, que são meus principais gatilhos emocionais. Comigo, com meus pais... E em umas dessas crises de ansiedade (que me acompanham desde 2011), decidi que não conseguia mais viver assim. Então, em um dos meus picos de ansiedade devastadores, eu decidi procurar a terapia. Esse foi o meu MAIOR GANHO de 2021. Esse ano eu não colecionei aprovações, nem títulos, nem publicações, como geralmente o faço. Esse ano, após 10 anos de traumas e sofrimento psicológico, convivendo com o transtorno de ansiedade, eu decidi fazer isso por mim. Decidi me conhecer, ressignificar algumas coisas que ocorreram na minha vida, que eu sempre joguei para debaixo no tapete. Desde o câncer de mamãe até decepções amorosas, traumas da infância e a imagem distorcida que eu carregava (e ainda carrego) de mim mesma. O caminhar é gradual e longo. Somado a isso, tive a oportunidade de voltar para a doutrina religiosa que me transborda e que eu demorei a aceitar porque eu queria caber em algo que não era meu, para não desagradar outras pessoas. Isso também foi libertador. Além disso, tive a oportunidade de ajudar pessoas que nunca vão saber a minha autoria, liderar campanhas beneficentes, ajudar com palavras, chorar ao lado, orar por quem eu nem conhecia e me acolher dia após dia, mesmo sendo extremamente difícil para mim acolher minhas falhas. Entender que esses foram os meus sucessos desse ano é novo para alguém que deposita(va) todas as expectativas no campo profissional. E estou aprendendo a atribuir valor ao que faço fora do trabalho. Esse caminhar de autoconhecimento é duro, mas está sendo saudável. Pela primeira vez, estou entendendo que Geilza não é apenas uma professora, mas um ser integral. Que meu sucesso não se resume a minha profissão e que eu posso ocupar quantos espaços eu quiser. Que eu não posso restringir minha vida a sonhos/desejos que não me cabem mais. Há alguns anos, 2021 teria sido um ano de fracasso para mim. Mas hoje, entendo que foi um ano de muito sucesso, porque eu aprendi MUITO. Tenho novos olhares, novas perspectivas, meu campo de visão está infinitamente mais amplo. Deixo essa mensagem para você, que talvez esteja cansado, saturado, desiludido e se comparando diariamente como outras pessoas. A sua história é só sua, você precisa seguir seu próprio roteiro e não o roteiro de terceiros. Talvez você não tenha passado no vestibular, ou não tenha conseguido o emprego que queria, ou acha que 2021 foi um fracasso. Não foi. Você aprendeu! E viver não significa colecionar grandes conquistas, mas pequenos aprendizados, dia após dia. No final das contas, somos/seremos lembrados por quem fomos e pelo que deixaremos de bom para o mundo. Vá ao espelho agora e olhe para a pessoa que mais merece seu investimento.

Que você se aceite, se acolha e, acima de tudo, se ame a ponto de entender e agir quando precisar de ajuda.


"Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro (BELCHIOR)."

Com muita humildade e vulnerabilidade,

Geilza.

Comentarios


Post: Blog2_Post
bottom of page